Fogão de Indução

🔆 Fogão de Indução Alimentado por Energia Solar

Introdução

Este projeto demonstra como é possível utilizar energia solar fotovoltaica para alimentar um fogão de indução portátil, ideal para uso em acampamentos, sítios e locais sem acesso à rede elétrica.
O sistema utiliza uma placa solar de 150 W conectada a um circuito oscilador ressonante, capaz de aquecer uma panela metálica por indução — de forma rápida, limpa e silenciosa.


⚙️ Princípio de funcionamento

A energia gerada pela placa solar é convertida em corrente contínua (DC), que alimenta um circuito oscilador composto por dois transistores MOSFET IRFP250, capacitores e uma bobina de cobre.
Essa bobina cria um campo magnético alternado de alta frequência, que induz correntes parasitas no fundo metálico da panela, gerando calor diretamente no recipiente.


🛡️ Proteções e cuidados essenciais

Um sistema solar-indutivo como este precisa obrigatoriamente de proteções elétricas adequadas, tanto para preservar a integridade dos componentes quanto para evitar danos ao painel fotovoltaico ou riscos ao usuário.

1️⃣ Proteções na fonte (placa solar)

  1. Diodo de bloqueio (antirretorno)

    • Impede que a corrente flua de volta do circuito para o painel quando não há sol.

    • Deve ser dimensionado para suportar a corrente máxima do painel (ex: diodo Schottky de 10 A ou superior).

  2. Fusível ou disjuntor DC

    • Instale um fusível de ação rápida logo após o painel.

    • Protege contra curtos no circuito de potência ou na fiação.

  3. Supressor de surtos (TVS ou varistor MOV)

    • Absorve picos de tensão causados por comutação dos MOSFETs ou descargas eletrostáticas.

    • Aumenta a vida útil da placa solar.

  4. Regulador ou conversor DC-DC (MPPT)

    • Mantém a tensão e corrente ideais extraídas do painel.

    • Evita que quedas momentâneas de irradiação solar causem desligamentos ou operação irregular dos MOSFETs.

  5. Filtro LC de entrada

    • Reduz o ruído de alta frequência retornando ao painel, minimizando interferência eletromagnética (EMI).


2️⃣ Proteções no circuito de potência (inversor e bobina)

  1. Fusível de linha DC (entre a fonte e o circuito oscilador)

    • Protege contra sobrecorrente ou curto nos transistores.

  2. Diodos de roda-livre / Snubbers RC

    • Limitam picos de tensão causados pela comutação rápida da corrente na bobina.

    • Evitam falha prematura dos MOSFETs.

  3. Capacitores de desacoplamento

    • Instale capacitores eletrolíticos e cerâmicos próximos aos MOSFETs para estabilizar o barramento DC e absorver pulsos de corrente.

  4. Sensor térmico e dissipador

    • Os MOSFETs devem ser montados em dissipadores de alumínio, com pasta térmica.

    • Pode-se usar um termistor (NTC) ou sensor de temperatura acoplado para desligar o circuito em caso de superaquecimento.

  5. Proteção contra inversão de polaridade

    • Um diodo em série ou um relé reversor evita danos caso a entrada DC seja ligada invertida.

  6. Detecção de panela (Pan Detect)

    • Um circuito simples de realimentação pode desligar o inversor quando não há carga metálica sobre a bobina, evitando operação em vazio.

  7. Isolamento e aterramento

    • A base da bobina e o chassi metálico devem ser aterrados para reduzir ruído e aumentar a segurança do usuário.

    • Use espaçadores isolantes para evitar contato direto entre bobina e componentes eletrônicos.


3️⃣ Proteções adicionais recomendadas

FunçãoComponente sugeridoFunção
Proteção contra surtosDiodo TVS 1.5KE36A ou MOV 30VAbsorve picos
AntirretornoDiodo Schottky 10–15 AEvita descarga no painel
SobrecorrenteFusível 10 A / disjuntor DCLimita falhas
SuperaquecimentoTermostato 70 °C ou NTCDesliga o sistema
Filtro de ruídoIndutor 47 µH + capacitor 470 µFSuaviza variações de tensão
Proteção de gateResistor + zener 15 VProtege o MOSFET

🔩 Dicas de montagem

  • Use fios grossos e curtos entre a fonte e a bobina, para minimizar perdas resistivas.

  • A bobina pode ser feita com fio de cobre rígido de 1,5 mm² a 2,5 mm², com 10 a 12 espiras.

  • Instale o circuito em uma base de material isolante (epóxi, fibra de vidro, ou policarbonato).

  • Mantenha a distância mínima entre bobina e componentes para reduzir acoplamento indesejado.

  • Ventile o conjunto: a convecção natural pode não ser suficiente sob sol forte.


⚡ Segurança e cuidados de uso

  • O sistema opera em alta frequência (20–100 kHz): evite aproximar objetos metálicos soltos.

  • Pessoas com marcapasso ou dispositivos implantáveis devem manter distância mínima de 50 cm.

  • Não toque na bobina durante a operação: o campo magnético pode induzir aquecimento instantâneo.

  • Em caso de queda de tensão solar, o circuito deve reiniciar automaticamente apenas quando a tensão nominal for restabelecida.


🔬 Possíveis melhorias

  • Adicionar controle de temperatura via sensor e microcontrolador (ESP32 ou Arduino).

  • Implementar soft-start para evitar picos de corrente ao ligar.

  • Integrar display ou indicadores LED para status de operação (ON, Falha, Sobretensão, Sem Panela).

  • Projetar carcaça ventilada e isolada, própria para uso em campo.


✅ Conclusão

Um fogão de indução solar é um excelente exemplo de engenharia prática e sustentável.
Com o devido cuidado nas proteções da fonte, circuito e bobina, é possível obter um sistema seguro, eficiente e durável — capaz de cozinhar sem gás e sem rede elétrica.

Pequenos detalhes de proteção fazem toda a diferença: um simples diodo ou fusível pode salvar tanto o painel quanto os transistores de potência.

Os assuntos abordados aqui são de caráter teóricos, sendo que para realizar a sua execução e uso necessitam pessoal habilitado. Não recomendamos ou nos responsabilizamos  a montagem dessa solução.

 

 

Foto Ilustrativa dos componentes e Bobina

 

Placa Solar de 150W

 

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