o sistema de geração de energia das sondas Voyager 1 e Voyager 2 é uma das partes mais fascinantes da engenharia espacial.
Mesmo a mais de 20 bilhões de quilômetros da Terra, elas ainda funcionam graças a um tipo especial de gerador chamado RTG (Radioisotope Thermoelectric Generator).

⚙️ 1. O que é um RTG
RTG significa Gerador Termoelétrico de Radioisótopos (Radioisotope Thermoelectric Generator).
Ele não é um reator nuclear, mas sim um gerador que converte calor de decaimento radioativo em eletricidade.
🔥 2. Fonte de calor: Plutônio-238
O combustível usado é o dióxido de plutônio-238 (PuO₂).
Esse isótopo é instável e se desintegra naturalmente, liberando calor constante (não radiação perigosa intensa como em uma bomba).
O Pu-238 tem uma meia-vida de 87,7 anos, o que significa que a produção de calor diminui lentamente ao longo das décadas.
Cada Voyager levou três RTGs — o modelo MHW-RTG (Multi-Hundred Watt RTG).
⚡ 3. Conversão de calor em eletricidade
O RTG converte o calor em eletricidade usando o efeito Seebeck:
Quando dois metais diferentes estão unidos e submetidos a uma diferença de temperatura, ocorre um fluxo de elétrons — ou seja, gera-se uma tensão elétrica.
Passos:
O plutônio aquece um lado do termopar.
O outro lado é mantido frio pelo espaço (radiação térmica).
A diferença de temperatura cria uma corrente elétrica contínua.
Essa corrente é usada para alimentar os instrumentos eletrônicos da sonda.
⚡ 4. Potência original e potência atual
Em 1977 (lançamento): cada RTG gerava cerca de 470 watts de energia elétrica total (~157 W cada).
Com o tempo: o Pu-238 vai esfriando (menos calor), e os termopares degradam-se.
Hoje (2025): restam cerca de ~23 watts úteis, o suficiente apenas para instrumentos essenciais como comunicação, sensores e controle térmico.
🔋 5. Gestão de energia na Voyager
Para continuar operando com tão pouca energia:
A NASA desligou quase todos os instrumentos científicos não essenciais.
O aquecimento interno foi reduzido ao mínimo.
Sistemas são ligados em ciclos curtos, economizando energia.
A prioridade é manter o transmissor de rádio e os sistemas de navegação ativos.
🌌 6. Vantagem dos RTGs
Sem partes móveis → extrema confiabilidade.
Funciona no espaço profundo, onde não há luz solar suficiente para painéis solares.
Dura décadas, ideal para missões interplanetárias.
🔍 7. Comparativo rápido
| Sistema | Fonte | Duração típica | Uso |
|---|---|---|---|
| Painéis solares | Luz solar | 10–20 anos (limitado pelo Sol) | Missões próximas (Marte, Júpiter) |
| RTG (Voyager) | Decaimento de Pu-238 | 50+ anos | Espaço profundo |
| Reator nuclear (futuro) | Fissão controlada | 10–30 anos | Missões grandes (ex: Artemis, Marte tripulado) |
🛰️ Resumo:
| Item | Valor aproximado |
|---|---|
| Tipo de gerador | MHW-RTG |
| Quantidade | 3 unidades |
| Combustível | Plutônio-238 (PuO₂) |
| Energia inicial (1977) | ~470 W elétricos |
| Energia atual (2025) | ~23 W |
| Meia-vida do Pu-238 | 87,7 anos |
| Conversão | Efeito termoelétrico (Seebeck) |

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